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Publicado: 26/08/2019


Ainda inseguro no emprego, consumidor fica mais cauteloso em agosto

O alto nível de desemprego puxou de novo a confiança do consumidor, que está mais cauteloso, para baixo. Em agosto, o Índice Nacional de Confiança (INC) da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) medido pelo Instituto Ipsos, registrou ligeira queda e ficou em 88 pontos - dois a menos que os 90 de julho, ainda no campo do pessimismo, mas dentro da margem de erro.

 

Mesmo assim, o indicador está em patamar melhor do que em igual mês de 2018, quando registrava 76 pontos.

 

O quesito que mede a insegurança no emprego caiu dois pontos percentuais, de 47% dos entrevistados em junho para 45% em agosto. Porém, os que se sentem seguros são pouco mais da metade (24%). Já entre os que avaliaram a chance de perder o emprego no curto prazo, o indicador aumentou de 30%, em julho, para 32%, em agosto.

 

Por outro lado, se diminuiu o número de pessoas que conhecem alguém que perdeu o emprego nos últimos seis meses (de 67% para 65% dos entrevistados), aumentou o número médio de conhecidos que ficaram desempregados, de 4,7 pessoas, para 5,2.

 

O consumidor também continua preocupado com as finanças: enquanto 30% declararam que sua situação financeira atual é boa, outros 45% consideraram-na ruim. Essa percepção é que mantém a cautela do consumidor, que continua menos à vontade de fazer compras parceladas de imóveis e carros (63%), assim como de eletrodomésticos (22%), segundo a pesquisa.

 

"O que preocupou um pouco foi o número de conhecidos desempregados em agosto", afirma Emílio Alfieri, economista da ACSP. "Mas como a segurança no emprego continua a mesma (24%), é preciso aguardar os números do IBGE (que sairão em setembro) para ver se não foi um ponto fora da curva."

 

De modo geral, porém, na comparação mês a mês os números se mantém relativamente estáveis, mas bem acima de igual período do ano passado, com diferenças médias de 10 pontos - o que mostra uma perspectiva diferente.

 

Alfieri lembra que uma certa aversão às compras parceladas continua porque as expectativas de melhora ainda não se concretizaram: ao captar a fraqueza da atividade econômica, o PIB desacelerou, levando junto o emprego.

 

Ele ressalta, porém, que os indicadores de confiança estão melhores do que há um ano, quando havia incerteza sobre o futuro do país. Porém, as perspectivas são alentadoras, devido ao anúncio de formas mais baratas de financiamento da casa própria, assim como a queda dos juros Selic pelo Banco Central e a liberação dos saques do FGTS, além da antecipação de metade do 13º salário dos aposentados.

 

"Temos que ficar atentos à essa reversão de expectativas, que quando se concretizarem, começarão a surtir efeito nos próximos meses ou no começo do ano que vem", sinaliza o economista. 

 

REGIÕES E CLASSES

 

Quando se fala na confiança do consumidor por região, o Sul mostrou resultado positivo. Mesmo com a queda de cinco pontos no indicador em agosto (de 108 para 103), devido às fortes geadas e frentes frias que prejudicaram o agronegócio, a confiança da região ainda está acima de 100 - ou seja, no campo do otimismo, afirma Emílio Alfieri. 

 

Já o Norte e o Centro-Oeste, por sua vez, subiram de 80 para 91 pontos em agosto, e tiveram recuperação no indicador por conta da melhora da segurança nas barragens da Vale no Pará, após o acidente em Brumadinho (MG).

 

Por outro lado, no Sudeste, o indicador caiu de 97 para 90 pontos, puxado pelo setor industrial, que ficou negativo em 1,68% no primeiro semestre, segundo o IBGE, devido à perda do mercado argentino. No Nordeste, que não é sítio eleitoral do presidente, a confiança caiu de 88 para 78 pontos em agosto, já que o consumidor declarou não ver perspectivas favoráveis no horizonte. 

 

"A região voltou a ter chuvas, mas o semiárido ainda é muito forte. Além da atividade do setor têxtil continuar fraca no Ceará, ela se ressentiu tanto por conta da desaceleração da indústria como por não ter a válvula de escape do agronegócio", diz. 

 

Quanto às classes sociais, tanto as classes A/B quanto a C registraram queda no indicador, de 98 para 95, e de 89 para 85, respectivamente. Já as classes D/E tiveram ligeira alta na confiança, de 73 para 74 pontos. Porém, apesar das diferenças, o indicador de todas está bem melhor que em agosto de 2018, segundo Alfieri, quando variavam entre 50 e 60 pontos.

 

"Há um ano atrás, havia grande incerteza sobre o futuro do país, que era muito nebuloso. Mas com a inflação menor, a queda dos juros para pessoa física e a liberação do FGTS - principalmente para a D/E - as expectativas podem melhorar", conclui.  

 

O INC da ACSP/Ipsos varia entre zero e 200 pontos, sendo o intervalo de zero a 100 contempla o campo do pessimismo e, de 100 a 200, o do otimismo. A margem de erro é de três pontos. A pesquisa foi realizada com 1.234 entrevistados de 75 cidades brasileiras entre os dias 10 e 15 de agosto.

 

           
 

(% DOS ENTREVISTADOS)

ago/19

jul/19

ago/18

 
 

SIT. FINANC. ATUAL BOA

30

29

25

 
 

SIT. FINANC. ATUAL RUIM

45

46

53

 
 

SIT. FIN. FUTURA MELHOR

41

43

38

 
 

SIT.FIN. FUTURA PIOR

17

19

21

 
 

SEGUROS NO EMPREGO

24

24

19

 
 

INSEGUROS NO EMPREGO

45

47

52

 
 

À VONTADE COMPR. ELETRO.

22

22

16

 
 

MENOS À VONT. COMP. ELET.

51

51

62

 
 

À VONTADE C/CARRO CASA

14

15

9

 
 

MENOS À VONT.CARRO/CASA

63

63

74

 
           

 

Fonte: ACSP